sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Simples actos



Com palavras te olho e te beijo, num compasso descoordenado. Com elas te admiro e revejo, sem limite temporal. Ressuscito memórias remotas de um dia de sol. Com palavras moro. Uma vivência de uma realidade luminosa ou obscura. Dia de Verão ou noite de trevas. Com palavras elogio. Termos doces e sinceros, que não fadigam quem os diz. Com palavras insulto. Sentenças dadas a quem delas é merecedor. Aqueles que não lutam nem desejam. Os que viram as costas ao Mundo, numa tentativa frustrada de o ultrapassar. Com palavras falo das coisas simples. Do barco que passa o Horizonte. Da gaivota que fura o pôr-do-sol. Do grilo que canta no seu modesto abrigo. Com palavras falo das coisas fúteis. Da roupa dela e do novo penteado dele. Do novo Ferrari ou da mansão que a capa de revista comprou. Do novo namorado daquela que fora casada com o outro. Com palavras venero. Adoro Aquele que nunca vi mas sei que existe. Peço-Lhe possíveis e impossíveis. Em meu nome, em nome do vizinho ou em nome do Mundo. Com palavras admiro. Contemplo dignamente quem o merece. Os que pensam diferente. Os que querem mudar. Os que idealizam e combatem. Os que querem mais e melhor. Os que se mantêm fiéis a si próprios. Os que não se deixam influenciar. Os que dão valor à Vida. Com palavras acordo. Com palavras adormeço. Com palavras vibro. Com palavras choro. Com palavras rio. Com palavras viajo. Com palavras fico. Com palavras sonho. Com palavras vivo!

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